domingo, 10 de abril de 2011

Duas pedras de gelo numa dose de angústia

Há tanto tempo me tornei
Irremediavelmente mente confusa!
Um léxico de silêncio
Enciclopédia de dúvidas.
Um verbo não conjugado
Sem pronomes e sem pessoas
Com o destino em uma verdade
Que não em mim!

Hoje sinto o vento sacudir minha alma indigna
Um ser covarde!
Murmúrios de um corpo que ecoa a solidão em minha cama, em minhas palavras
Em meu sorriso.
Abnego e renego qualquer pensamento
Num momento!
Estou farto de existir nas noites de insônia
E de me anular se adormecer sozinho.

Sei que os cadáveres a minha volta são apenas alucinações
Sei que não levarei para o outro mundo os poemas que escrevi
Que os sonhos de criança não me acompanharão
Que meus medos são mortes e dores do que já fui.
Perdi minha vontade de metamorfosear
E a única certeza que tenho é que meu barril transbordou
Em lagrimas, em ilusões, em pesadelos
Em emoções súbitas!

Sem sentido algum
Tudo transbordou!
E não existem mais novas poesias em mim.

(Bruno Guedes Fonseca)

(Todos os direitos reservados e protegidos pela lei nº 9.610, de 19/12/1998)

domingo, 3 de abril de 2011

Tapetes e mosaicos

Adormeça com o outono
Com os vinhos e as folhas enfermas
Relembre tardes que lembram outras tardes
Árvores nuas para aliviar o calor.

Adormeça com o outono
Com as andorinhas que com o verão partiram
Descubra no vento canções e momentos
Saudade de quem já não está.

Adormeça com o outono
Tempo que não olha para trás
Fortaleça para um inv-f-erno escuro
Reviver sempre é capaz.

Adormeça com o outono
Em sóis ao encontro de longas noites
Tapetes feitos pela primavera
Mosaicos em folhas vermelhas, castanhas e amarelas.

Adormeça com o outono
Sinta a chuva colorida das nuvens e copas
Que caem para novamente renascer
De uma Natureza a envelhecer.

(Bruno Guedes Fonseca)

(Todos os direitos reservados e protegidos pela lei nº 9.610, de 19/12/1998)